Tudo começou em 2016, quando Marcela Martins fazia um intercâmbio no Canadá. Com as dificuldades devido às baixas temperaturas, a empreendedora, até então advogada, procurava uma maneira prática de se alimentar e após comer uma fatia de pizza enrolada, ela teve a ideia de utilizar aquele formato para fazer um novo estilo de tapioca, aproveitando a versatilidade do prato brasileiro.
De volta ao Brasil, o primeiro passo foi registrar a ideia, garantindo os direitos sobre a novidade. “Eu ainda estava no Canadá quando contei ao meu pai a ideia que eu tive, que queria produzir tapioca em formato de cone, ele acreditou no que apresentei para ele e sua primeira orientação foi: venha para o Brasil e registre sua patente, pois essa é uma ideia genial”, conta Marcela Martins, fundadora da Konioca.
Após o registro da patente, a empresária partiu em busca de uma equipe de engenharia, para desenvolver a máquina que ela idealizou para a produção das tapiocas em formato de cone. A primeira tentativa foi no estado de São Paulo e acabou não dando certo. Em 2017, de volta a Manaus, ela conseguiu desenvolver uma parte do equipamento, mas ainda não era tudo que ela desejava.
“Eu acreditava muito na minha ideia e queria que tudo fosse exatamente como pensei, então eu não desisti. Ainda em 2017 fiz uma viagem a Belo Horizonte e na estrada eu percebi que havia muitas fábricas de produtos típicos mineiros, entre eles as panelas. Então eu pensei, quem faz panela pode fazer máquina para tapioca e então eu me mudei para lá em busca desse sonho”, comenta a empresária.
Foram dois anos de muitas tentativas, até que em 2019 em uma parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG,) surgiu o protótipo que transformaria o sonho da Konioca em realidade, mas foi em Manaus que a empresária conseguiu uma fábrica para produzir o equipamento em escala.
Em 2020 a pandemia chegou, mas não foi um empecilho para Marcela, que seguia em busca do seu sonho. Desta vez o obstáculo foi outro: a goma de tapioca.
“Com a máquina pronta o nosso desafio foi desenvolver uma goma de tapioca que funcionasse com o equipamento, garantindo a textura correta e o sabor clássico da tapioca”, explica Marcela.
A empreendedora conta que testou diversas receitas e não conseguia chegar no ponto que ela desejava, foi então que ela saiu em busca da goma perfeita. Começou a frequentar feiras e eventos locais em Manaus, estudando o assunto e entendendo como cada um produzia sua versão da tapioca. Foram oito meses de testes e estudos sem alcançar o resultado desejado.
Marcela conta que acreditava na Konioca e sabia que estava no caminho certo, mas estava cansada. “Eu decidi tirar alguns dias de férias e voltaria a advogar para levantar dinheiro. Chegando em São Paulo encontrei uma goma e me surpreendi pois ela vinha em uma caixa e tradicionalmente as gomas são vendidas em outro tipo de embalagem. Eu decidi fazer um último teste e entrei em contato com o fabricante, foi aí que chegamos à receita que eu procurava para a tapioca perfeita”.
Com a receita e a máquina funcionando, a Konioca virou realidade e era um sucesso por onde passava.
“Vinha gente de todos os cantos interessada em conhecer a Konioca, tanto para experimentar o produto quanto para entender sobre o negócio. Foi aí que eu entendi que existia um modelo de franquia em minhas mãos e eu parti para o seu desenvolvimento”, comentou Marcela.
A empresária contratou uma equipe de consultoria para o estudo e desenvolvimento do modelo de franquias, mas em paralelo abriu a sua primeira loja física em um shopping em Manaus. A unidade acabou não funcionando como o planejado, mas Marcela aproveitou a oportunidade e a transformou em um laboratório para realizar todos os testes possíveis e seguir para as próximas unidades sem cometer os mesmos erros.
Marcela comenta que o prejuízo financeiro foi de aproximadamente 2,3 milhões de reais, mas para o negócio foi muito importante.
"Aproveitamos essa loja para testar todos os protocolos e procedimentos, para verificar a questão do estresse na máquina, o armazenamento da goma e realmente desenvolver o melhor modelo de loja. Já tínhamos o prejuízo, precisava de alguma forma fazer valer a pena”.
Em dezembro de 2022, com o modelo de loja e negócios em mãos, a empresária pegou sua máquina e se mudou para São Paulo, com o lema "Uma mala, uma máquina e um sonho". Com dois dias na cidade a empresária fechou o aluguel de uma unidade no bairro da Vila Olímpia e começou a receber muitas propostas para eventos, inclusive foi convidada para participar do programa Shark Tank, que trouxe ainda mais oportunidades.
Como tudo que é bom é compartilhado, as tapiocas da Konioca viralizaram em uma rede social em um vídeo que chegou a ter mais de 30 milhões de visualizações e fez a tapioca ser o viral gastronômico mais famoso de 2023. Esse viral impulsionou ainda mais o crescimento da Konioca, que encerrou o ano com 12 novas unidades.
“O ano de 2023 foi o ano em que a Konioca se consagrou entre os principais players da gastronomia no Brasil. Encerramos o ano com 12 lojas inauguradas e 50 vendidas, que de acordo com nosso plano de expansão, serão inauguradas até abril de 2024”, finaliza a empresária.