Começou o 6º Festival de Carne de Onça de Curitiba

15 de setembro de 2022 por Vanessa Brollo

 

Petisco mais famoso dos botecos curitibanos, a Carne de Onça é Patrimônio Cultural Imaterial de Curitiba e tem um festival gastronômico só seu, que chega agora à sexta edição. O Festival de Carne de Onça de Curitiba começou no dia 14 de setembro e vai até 02 de outubro. Nesse período, os 21 bares participantes estarão servindo o petisco a R$ 19 a porção. E neste ano uma novidade: o lançamento de produtos voltados especialmente ao prato. “Estamos lançando uma broa com fermentação natural própria para carne de onça, em parceria com a Panificadora Aquarius. Também uma cerveja lager para harmonizar com o petisco, em parceria com a cervejaria paranaense Roots, mais uma mostarda e pimenta, em parceria com a It's BBQ time”, conta Sergio Medeiros, editor do portal Curitiba Honesta, organizador deste e de vários outros festivais gastronômicos da cidade. Estes produtos continuarão sendo vendidos após o evento.

A Carne de Onça lembra três receitas tradicionais muito conhecidas: o Hackepeter alemão, o Steak Tartare francês e o Quibe Cru libanês. Porém, como é servido em Curitiba, é algo próprio da cidade. A iguaria curitibana é feita da seguinte forma: uma fatia de broa preta, coberta com carne bovina moída (normalmente patinho), cebola branca cortada fininha, cebolinha verde picada, temperada com sal, pimenta do reino e regada com bom azeite de oliva extravirgem. No Festival, cada cozinheiro traz sua própria versão, mas tem tirar a essência do prato.

 

Para conhecer todos as receitas e endereços, basta acessar o site www.curitibahonesta.com.br.

 

História da “Carne de Onça”

Desde 2016 a Carne de Onça é considerada Patrimônio Cultural Imaterial de Curitiba. E você conhece a história desse petisco famoso? O empresário e cozinheiro Sérgio Medeiros, do portal de gastronomia Curitiba Honesta, pesquisou e apresentou esse relato como base para o pedido de concessão do título na Câmara Municipal de Curitiba. Segundo ele, a história é assim:

Na década de quarenta havia em Curitiba um time de futebol chamado  Britânia, que depois com outros times veio a formar o Paraná Clube. O diretor do Britânia na época era o Cristiano Schmidt. Ele tinha um bar que ficava na Marechal Deodoro, esquina com a XV de Novembro, chamado “ Toca do Tatu”. Aliás, Tatu era o apelido dele.  O Britânia foi um time vencedor, sete vezes campeão paranaense, e para comemorar as vitórias do time o Schmidt pegava carne crua, colocava sobre fatias de broa comprada numa panificadora de um alemão que ficava próxima a “Toca do Tatu”, por cima da carne colocava cebola branca bem picadinha, cebolinha verde bem picadinha e só então temperava com sal e azeite de oliva.  Servia com chopp para os jogadores do time.

Um belo dia o Duia, que era o goleiro, reclamou: “Poxa, Schmidt, você só serve essa carne aí, que nem onça come”. E aí surgiu a “carne de onça”. A partir deste dia, os clientes da Toca do Tatu começaram a pedir a carne que, segundo o Duia, “nem onça comia” e o Schmidt teve que colocar no cardápio. Logo outros bares da cidade começaram também a servir.

Na década de cinquenta era servida na sociedade Concórdia, preparada pela família Garmater, dona então de um grande frigorífico. Na década de sessenta, era servida em grandes quantidades no Bar e Restaurante Embaixador, mais conhecido na época como “Bar do Onha”, que ficava na Rua Riachuelo e depois mudou para o bairro Bacacheri, vindo a fechar anos depois. Desde 2016 é patrimônio cultural imaterial de Curitiba, conhecida nacionalmente como única comida típica da cidade.

Fotos: Gean Cavalheiro